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22 agosto 2021

[Comentando sobre projeto gráfico] A Fabulosa História do Hospital: da Idade Média aos dias de hoje

 

Escrevi escutando o Oceanborn, do Nightwish.
Dando as caras por aqui novamente depois de um tempo. Me veio à mente a possibilidade de utilizar esse espaço como um meio para contribuir um pouquinho na discussão do objeto de estudo que tenho adotado em minhas pesquisas no mestrado - livros -, ainda que de uma maneira menos compromissada e mais sucinta; menos acadêmica e mais informal. De quebra, ainda consigo praticar a escrita e colocar mãos - e mente - em movimento, diante de certas estagnações decorrentes de uma rotina em que o trabalho me toma mais tempo do que eu gostaria; tempo, esse, que poderia ser de maior valia se investido na universidade, mas já chorei as pitangas sobre insatisfação com tempo e afins nesse post. Sem mais delongas, meu intuito, com essa categoria de postagens (haverá uma sequência de posts nesse sentido? Quem sabe) é comentar sobre decisões projetuais empregadas em livros publicados por editoras brasileiras. Diagramação, acabamento e suportes entram no rol de elementos que serão discutidos por aqui. A intenção primária não é tratar sobre o conteúdo textual em si (embora seja inevitável citar o assunto em determinados pontos), mas trazer o foco da discussão para a materialidade da edição, incluindo livros mais simples e edições deluxe (oi, editora Wish). A primeira publicação escolhida por mim é A Fabulosa História do Hospital: da Idade Média aos dias de hoje, da autoria de Jean-Noël Fabiani, da editora L&PM. Apesar do eurocentrismo e da visão saudosista do autor em certos pontos da narrativa, a leitura é bem fluida, repartida em capítulos curtos. Apesar do título, que remete a um contexto mais amplo, a história em questão trata dos hospitais franceses. Comprei esse no Prime Day, juntamente a outros dois livros que talvez venham a aparecer por aqui.

O volume possui 208 páginas, medindo 21 cm x 14 cm. É possível carregá-lo tranquilamente em bolsas e mochilas; costumo ter mais cuidado com livros encadernados em lombada quadrada, colocando-os em uma caixinha antes de guardar na mochila para evitar algum possível dano (na verdade, também faço isso com livros em capa dura). A capa é impressa em papel cartão com laminação fosca (acho muito mais legal do que laminação brilhante) e verniz localizado no título, que é composto em uma tipografia que simula certas irregularidades da escrita à mão, complementada pelo subtítulo e nome do autor em um tipo sem serifa e condensado (em peso bold, talvez). A capa (e a leitura anterior de Medicina dos Horrores) foram os fatores motivadores da compra dessa edição e, sim, julgamos livros pela capa. Confesso que esperava ver mais algumas ilustrações como a da capa no miolo, embora esse receba desenhos em preto e branco nas entradas de capítulo. As orelhas têm aproximadamente 21 cm x 9 cm, dimensões agradáveis que comportam o texto confortavelmente, sem caminhos de rato ou órfãs (sim, eu sei o quanto é chato ajustar a diagramação de um texto quando o espaço reservado para a orelha é curto). 

Me agradou a combinação das cores violeta e laranja para a ilustração e destaques textuais na primeira e quarta capa, bem como na lombada. Elas seguem o equilíbrio de cores complementares dentro do círculo cromático - e a própria ideia de complementaridade encontra-se nas figuras representadas na capa (e nos balões de fala próximo a elas).

Orelha da primeira capa e falsa folha de rosto.

Detalhe em verniz localizado no título da primeira capa.

Modelo da entrada de capítulo adotada no livro.

A tipografia do miolo, considerando a classificação de tipos trazidas pelo Manual de Tipografia, está mais próxima do estilo Transicional (serifas com bases achatadas, eixo vertical nos caracteres arredondados, números na altura da caixa alta). Ela também se repete na quarta capa e nas orelhas do livro, em tamanho um pouco maior. A combinação para entrelinhas e fonte adotada no miolo é equilibrada, proporciona uma leitura em que, ao final de uma linha, o leitor consegue prosseguir na linha posterior, sem regressar ao início da mesma linha lida anteriormente. Pessoalmente, preferiria um tamanho menor para a tipografia e um entrelinhamento maior (porém considere que sou bastante chata em relação a esse ponto, hehe), mas decisões desse tipo são influenciadas por fatores como orçamento (e mesmo pela edição original do livro), de modo que certos parâmetros devem ser considerados na construção do projeto gráfico. A fonte para o título dos capítulos, assim como a numeração deles, é sem serifa, em versalete, enquanto os caracteres do fólio apresentam a mesma tipografia do corpo, em tamanho maior.

Folha de rosto do livro.

Quarta capa do livro.

O miolo é impresso em papel offset com cerca de 2 cm para as margens externa, superior e inferior. O espaço reservado às margens permite que o leitor folheie as páginas tranquilamente, sem esbarrar os dedos na caixa de texto. A gramatura do papel não é baixa, de modo que as folhas não enfrentam problema com transparência (e a leitura não recebe interferência do texto que está do lado oposto da página que é lida). É possível ler o livro sem forçar sua abertura, considerado que a margem interna comporta a mancha tipográfica com certa distância da lateral em que as páginas foram coladas na lombada. Embora eu prefira o famigerado papel pólen, volta e meia me peguei cheirando o miolo do livro.  

Talvez alguns pontos que tratei aqui se aproximem de considerações sobre "usabilidade" do livro, embora não tenha sido a intenção inicial. Mas a intenção é falar um pouquinho da composição desse negócio que me acompanha a vida toda e que me interessa tanto a ponto de nortear monografia, dissertação e artigos que escrevi/estou escrevendo. A propósito, minha leitura do exemplar ainda se encontra em andamento (no momento, p. 126). Talvez venham aí mais comentários sobre outras edições.

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