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Música

24 maio 2021

Vim aqui pra reclamar de novo

Ilustração que fiz e acabei direcionando para um concurso do Amor Doce, contendo o personagem Lysandre.

Escrevi escutando o Comalies, do Lacuna Coil. Acima, há uma ilustração que fiz e acabei direcionando para um concurso do AD, contendo o personagem Lysandre. Honestamente? A intenção primária desse desenho não era o concurso, mas uma maneira de escapismo mesmo. Eu estava cansada, doente e desgastada quando a fiz. Ver o resultado - considerando não somente o desenho final, mas todo o processo envolto na ilustração - talvez tenha me empolgado um pouco.

Muito provavelmente a intenção deste texto consiste em recuperar a minha prática da escrita, mais, er, digamos, pessoal.

É meio estranho como, às vezes, a necessidade de produzir algo para externar certas circunstâncias internas se faz presente. Embora eu tenha relutado em trazer questões internas e intimistas para determinadas atividades - ilustração, escrita -, percebo que talvez esse seja um recurso que me permita identificar uma compreensão melhor em relação a 1) a minha visão em relação àquele fato e 2) entender como posso trabalhar essa perspectiva. 

Acredito que essa influência decorra, especialmente, dos modelos de aula que venho assistido no mestrado. A proposta das disciplinas é algo mais voltado à reflexão e discussão e aqui reside a principal diferença que identifiquei na transição da graduação para a pós-graduação. A meu ver, enquanto, na primeira, temos conteúdos expositivos, partindo do pressuposto que estamos a aprender aqueles conceitos, na segunda entende-se que já estamos munidos daquele estudo e que cabe agora o desenvolvimento de uma postura crítica acerca das ideias e considerações já feitas - além das novas que passam a ser estudadas. Mesmo o processo de aprendizagem é passível de questionamento (aprendemos com o intuito de obter uma nota e conseguir a aprovação em uma disciplina ou a objetivo aqui é, de fato, compreender o significado daquele conceito?).

À primeira vista, essa mudança me causou um estranhamento. Não costumo falar muito, embora não tenha problemas para falar em público, nem sobre leituras que fiz ou artefatos que são meus objetos de estudo nas pesquisas, mas a ausência do modelo expositivo (com slide, texto e afins) me deixou deslocada inicialmente. Com o decorrer das disciplinas, acabei entendendo a intenção por trás daquele modelo de aula e, honestamente? Favorece bem mais o, digamos, despertar do fazer acadêmico e o início da vida na pesquisa. É um método que cobra independência, organização e análise. É como quero seguir carreira: no meio acadêmico (e vou fazer trabalhar firme nesse ponto, nem que isso me mate. Estou bem farta de lidar com a lógica de mercado, embora, ultimamente, os investimentos em educação tenham sido pífios. Desde meu ingresso no mestrado, não surgiram novas bolsas para o custeamento das pesquisas. Assim como eu, mais estudantes têm que conciliar a rotina entre trabalho e dissertação, além das disciplinas e projetos decorrentes delas. Acabamos não investindo todo o tempo que gostaríamos em nossas pesquisas, a pesquisa pode ficar comprometida e, consequentemente, a instituição de ensino não progride na avaliação do MEC. É uma bola de neve).

Trazendo mais pontos que me irritam (em um grau mais ameno, contendo coisas menos sérias, dessa vez, pois parece que sempre escrevo alguma coisa aqui na intenção de reclamar. Me deixa, tô fazendo do Blogger um diário beeeeeeeeem esporádico), não tenho mais paciência (nunca tive, na verdade) para quem inicia participa da chamada no Meet e não para mais de falar. Que troço irritante. A gente até tenta participar, expressar considerações próprias, mas vai um bonito e toma uns 30 minutos de fala (e tira totalmente o foco da discussão). Por que as pessoas custam tanto em ser objetivas, caramba? Não tô a fim de saber história de vida nenhuma.

E detesto completamente a sensação de não ter tempo para fazer o que eu gostaria de fazer (e como eu gostaria de fazer). Parece que tenho lutado contra o tempo quase sempre (e essa foi uma das razões que me levou a o que considero como um burnout em 2019). Odeio a sensação de sentir o tempo escoar pelos dedos como areia, odeio ter que olhar para o calendário e ver que já estamos no final de maio, quanto o início do mês parecia ter sido ontem, odeio os dias que não consigo ler, escrever ou fazer mais alguma contribuição para minha dissertação por chegar morta do trabalho e só conseguir entrar em casa para jantar e dormir. Eu odeio.

Para inserir mais um capítulo na antologia de coisas que detesto, também escrevo, aqui, que estou de saco cheio de criador de conteúdo. Não quero mais ver conteúdo, estou saturada de conteúdo de gente que faz as vezes de guru, especialista especialíssimo na área que se propõe. Não vai ter holofote pra ti aqui, cara. Sim, estou ficando mais velha e mais rabugenta. Eu implico, me irritam as coisas.

Talvez eu ainda torne a escrever por aqui esse ano. Às vezes é bom dissertar sobre certas coisas. Eu ainda quero falar sobre literatura gótica, livros e coisas que dialogam com minha pesquisa (e que são de meu interesse) em posts. Acho que o título do blog nunca fez tanto sentido como agora.

(Aonde foi parar o atalho do "leia mais" nesse novo modelo do Blogger?)



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